Ontem estava sendo um dia normal como todos os outros. Trabalhei pela manhã, saimos para almoçar e aproveitamos um tempinho livre para ir comprar um tenis que estava precisando para nossa próxima viagem (sexta-feira).
Estava na Hudson’s Bay, uma loja de departamento bacana aqui do Canadá, provando os modelos que tinha gostado e de repente recebi algumas mensagens no whatsapp perguntando se eu estava bem! (?).
Na hora achei engraçado, pois pensei; “nossa, o povo resolveu mandar oi de uma só vez!”, estou importante! 🙂
Mas só depois de me mandarem o link da reportagem da Globo News sobre o atropelamento em Toronto, foi que eu entendi o que realmente estava acontecendo!
 Aconteceu em Toronto, e agora?
Vi a foto do local, e a princípio até achei que era em downtown, do lado de onde estávamos. Mas logo que pulei para as reportagens do Canadá apareceu a identificação como Yonge x Finch, mais ao norte de Toronto! Um bairro em que morei por dois anos, de 2006 a 2008.
Corri mandar mensagem para uma amiga que mora por aquelas bandas para saber se ela estava ok, afinal de contas, a gente sempre fica apreensiva, né?!
Só sei que ainda é muito louco pensar que algo assim aconteceu em Toronto!!! Como assim em Toronto?!
Uma cidade multicultural, que a gente acredita ser o “modelo” de sociedade e comunidade, aberta a todas as crenças, cores e ideologias?! Como assim em Toronto?
Ainda não está claro os motivos do “ataque”, se é que podemos chamar assim, pois as últimas notícias indicam que o motorista da van atendeu uma escola de necessidades especiais, termo genérico usado no Canadá para se referir a escolas que atendem indivíduos com algum tipo de deficiência ou distúrbio mental. Mas independente de qualquer coisa, é difícil acreditar que aconteceu aqui!
Apesar do senso de impotência que a gente sente nesses momentos, eu continuo acreditando em Toronto e em tudo que ela representa.
Longe de ser uma cidade perfeita, pois tem muita coisa errada e mal resolvida por aqui, mas de tudo que já experimentei pelo mundo, Toronto ainda é um dos lugares mais abertos e que encoraja as pessoas a aceitarem o outro da maneira como eles são!
Cheguei aqui pela primeira vez no ano 2000 e digo e repito; “Toronto está cada dia melhor” e sinceramente, um evento assim não vai mudar minha percepção! Isso foi um caso isolado, e o amor entre as pessoas é infinitamente maior que algumas poucas pessoas que querem causar o conflito.
E quer saber?! Se esse “ataque” aconteceu por motivos pessoais, seja ele qual for, o grande herói da história, foi o policial, que tinha todos os motivos para atirar e matar no motorista da van e não o fez!!! Isso sim é Toronto, isso sim representa o que eu vivencio aqui no Canadá todos os dias!
E termino com a mesma frase que a  Macleans usou no seu artigo sobre o ato do policial:
“… there is light inside us too. We also possess the instinct to keep each other alive. This part of us can be more difficult to understand. But it deserves our devotion much more than the act of killing does. These moments of humanity are not uncommon, but they are precious. It would be good if we could remember that about Toronto, remember the cop who didn’t shoot.”
Tradução livre:
“… há luz dentro de nós também. Nós também possuímos um instinto de nos mantermos vivos. Esta parte de nós pode ser um pouco mais difícil de se compreender. Mas merece nossa devoção muito mais do que o ato de matar. Esses momentos de humanidade não são incomuns, mas são preciosos. Seria muito bom se pudéssemos lembrar disso sobre Toronto, lembrar do policial que não atirou!”
PS: Esse post também é uma homenagem as 10 pessoas que faleceram e as 14 que se machucaram. Coração canadense