Quem acompanha o papo fertilidade aqui no blog, sabe que no ano passado recebi a notícia que nós não poderíamos ter filhos, na verdade podemos, mas seria um pouquinho mais difícil que o ato natural de simplesmente tentar por alguns meses e um belo dia ver sinalzinho cor-de-rosa ou azul naqueles testes de gravidez.

Apesar da notícia ser esperada e de saber que algo estava errado, ter a confirmação ali na cara dura, nunca cai de uma maneira legal! Lembro que fiquei numa boa com o Kiko lá na poltrona com a médica, conversamos sobre possíveis alternativas (in vitro, hormônios e o escambal) e beleza! Voltamos pra casa e aí eu desabei … chorei feito tonta … mil coisas foi passando pela cabeça … nada passava pela cabeça … etc etc etc …

Sofri muito e confesso que as vezes tenho meus repentes e umas crises. Ando mais emocional que o normal e estou fugindo de conversas desse tipo na vida real, pois simplesmente não quero responder o que se passa na minha cabeça e não quero gente (incluindo família e amigos) me dizendo o que tenho que fazer ou deixar de fazer, só quero gente ao meu lado que apoie nossa decisão e não nos ache anormais pela escolha de não querer fazer fertilização in vitro (falo sobre isso em outro post).

Por que estou me abrindo aqui no blog? Pois é, essa é uma boa pergunta… pois se não quero receber críticas de pessoas que estão por perto, imagine ser bombardeada por comentários de estranho, certo? Mas no fundo, acho que assuntos desse tipo devem ser falados abertamente pra não virar (ou continuar sendo) tabu… pois vamos ser sinceros, tudo relacionado a fertilidade (ou falta dela) é tido como assunto privado, pra se falar baixinho como se fosse pecado! Então, a minha maneira vou falar o que acho e se um dia achar que não devo mais, deleto tudo e pronto 🙂

Não posso ter filho, e agora?

Essa pergunta fica feito yo-yo na minha cabeça, pois é como se um vazio tivesse sido criado na minha vida… pois apesar da gente nunca ter colocado o fator filho como prioridade, nunca pensamos que não teríamos. É como se agora, no momento que eu decido que estava pronta para essa mudança de vida, alguém vira pra mim e diz: “sinto muito querida, mas você vai ter que continuar do jeito que está e pronto!“. E eu que sou uma peste que odeia ficar recebendo ordens, especialmente referente a minha vida pessoal, aí já viu, né? A cabeça pira…

Não diferente da maioria das mulheres, fui educada e condicionada a crescer e ser boa esposa, boa mãe e essas besteirices de modelagem em massa que a classe média tem mania de passar de geração pra geração como única verdade. Então, a mistura doida de mulher moderna e mulher prendada, faz a cabeça dar loops infinitos… e chegar a um ponto de equilíbrio é complicado, mas estou chegando lá!

Estou há alguns meses passando por um momento bem íntimo comigo mesma. O Kiko vem sendo um companheiro e tanto nessa jornada, pois como o “problema” é comigo, parece que a carga (medo, culpa, solidão, vazio etc) vem toda sobre mim, e apesar de eu saber que estamos juntos nessa maluquice, não há como fingir que esses grilos não passem pela minha cabeça. Eu sou uma pessoa de sorte por tê-lo ao meu lado, pois não somente agora ele é meu porto seguro, mas durante todos os exames ele estava ali do meu lado, todos os dias caminhávamos juntos até a clínica para fazer os benditos exames de sangue e intra-tudo (risos) …

A meta agora é estar bem com essa decisão, para não ter arrependimento depois e seguir a vida! Pois vocês sabem, né? Já que a porta da liberdade se abriu de vez, ninguém segura mais o Casal Mikix 🙂

Enfim… só mais um desabafo por aqui que não tem começo, meio e fim… mas fica sinalizado! Pensem o que quiserem.