Michelle Gallas de Milwaukee, WI - EUAA farmacêutica Michelle Russman Gallas, chegou nos EUA em Agosto de 2000, para estudar e viver em Milwaukee, WI. Desde então, casou e tornou-se Doutora em Microbiologia e Genética Molecular. Atualmente faz pós-doutorado na área de hematologia. Junto com o marido, o médico pernambucano Artur Rangel, nutre uma relação de amor e ódio com a vida nos EUA.

– Nome:
Michelle Gallas-Rangel

– Onde nasceu e cresceu?
Nasci e cresci em Porto Alegre, RS. Também passei parte da minha infância na Alemanha (perto de Munique) e em Florianópolis, SC.

– Em que país e cidade você mora?
Atualmente, moro em Milwaukee, Wisconsin, Estados Unidos.
Lago Michigan ao fundo, num dia de verão, Milwaukee, WI - EUA

– Você mora sozinho ou com sua família?
Moro com meu marido, que também é brasileiro (pernambucano).

– Há quanto tempo você reside nesse local?
7.5 anos.
Milwaukee Art Museum, design de Santiago Calatrava - EUA

– Já residiu em outro(s) país(es) antes dessa experiência?
Já morei na Alemanha quando criança (4 anos) e em Maryland, EUA, quando adolescente (2 anos).

– Qual sua idade?
32 anos.

– Quando surgiu a idéia de residir no exterior?
Resolvi morar no exterior porque desejava aprofundar minha educação e tinha muito interesse em ciência. Sou farmacêutica, e ao longo da faculdade passei por vários laboratórios como estudante de iniciação científica, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Casualmente, meu namorado estava passando 1 ano nos EUA fazendo um estágio no Medical College of Wisconsin (MCW). Vim visitá-lo e aproveitei para conhecer a faculdade. Descobri que o MCW tinha um programa de doutorado na área de ciências biológicas, e que eles financiavam o doutorado por meio de bolsa de estudos. E o melhor (para mim), era que não precisava ter mestrado como pré-requisito. Logo, eu poderia começar o doutorado imediatemente depois da faculdade. Apliquei para o programa e fui aceita.

– Foi difícil conseguir o visto de residência ou o visto de trabalho?
Inicialmente eu vim com visto de estudante, F1. Não foi difícil conseguir, porque assim que fui aceita como estudante de doutorado, a escola providenciou o visto para mim.

– Você tem seguro saúde? Foi difícil obtê-lo antes ou depois da sua chegada?
Vim fazer doutorado com bolsa da própria instituição (Medical College of Wisconsin). Nesta bolsa estava incluído seguro saúde. Atualmente, também tenho seguro saúde, pelo lugar onde trabalho.

– Você trabalha? Como a renda familiar é obtida?
Cheguei aqui em 2000 e defendi meu doutorado (em Microbiologia e Genética Molecular) em 2006. Meu marido também fez doutorado, logo, durante todo este tempo, nos sustentamos graças a nossas bolsas de doutorado do MCW. Em 2006 comecei a fazer um pós-doutorado, no Blood Research Institute do Blood Center of Wisconsin, e passei a ganhar uma bolsa de pós-doutorando. Meu marido também ganha uma bolsa de pós-doutorando, mas continua no MCW. Minha situação de visto também mudou. Após estar no visto F1, você pode ficar no país com uma autorização para trabalhar chamada OPT (Optional Practical Training), para aplicar o conhecimento obtido do seu estudo na prática (mas o OPT vale por apenas um ano). Após este ano, o instituto no qual eu trabalho patrocinou o meu atual visto, que é o H1B, que vale até 2010. O H1B Pode ser renovado por mais 3 anos (para um total de 6 anos).

– Se a resposta anterior foi sim, você mudou de área depois da saída do Brasil ou continua no mesmo setor?
Não mudei de aréa, pois no Brasil eu fazia faculdade e estava ganhando bolsa de estudante de iniciação científica. Considerei fazer mestrado no Brasil, mas como tive a oportunidade de fazer doutorado direto nos EUA, resolvi vir para os EUA.

– Você fala a língua local? Você acredita que é importante aprender a língua local?
Acho imprescíndivel falar a língua local. É impossível aproveitar a oportunidade e se sentir bem em um país estrangeiro se você não sabe se comunicar. Não vejo o menor sentido em mudar para um país diferente se você não está disposto a aprender inglês, alemão, japonês, seja qual língua for. Até para passar apenas 2 semanas no Japão eu procurei pelo menos me familiarizar com o básico do básico.

– O que você pensa sobre seu novo país e o local onde mora (e/ou onde morou)? Eles respeitam os Brasileiros e outros expatriados vivendo nesse país?

Acho que tudo que eu adoro nos EUA é o que eu odeio no Brasil e vice-versa. O que eu mais gosto aqui é da segurança, da tranquilidade de poder andar na rua de dia ou de noite sem medo. Onde eu moro, em particular, as pessoas são muito generosas e sempre dispostas a te ajudar. Mas é MUITO frio!!! O inverno é longo e a temperatura média eu diria que é de -10C!! Acho que os imigrantes em geral são respeitados, não importa se é brasileiro ou não.

– Você tem filhos? Se sim, eles se adaptaram ao novo país? Estudam e têm amigos locais?
Não tenho filhos.

– Sente saudades da família no Brasil? Sente falta de produtos, alimentos e outras peculiaridades?
Sim, sinto MUITA saudade da família. Entretanto, quando volto ao Brasil, parece que nunca saí de lá. Também sinto falta de algumas comidas, mas muita coisa a gente acha em lojas brasileiras em Milwaukee ou Chicago. O que eu mais sinto falta, como boa gaúcha, é o chimarrão.

– O que costuma fazer nas horas vagas, finais de semana e feriados? Quais as atividades recreacionais existentes?
Adoro ir ao cinema e sair para jantar com o meu marido. De vez em quando, nos reunimos na casa de algum brasileiro para uma festinha. Às vezes também vamos em festas de amigos americanos (prinicipalmente de Halloween). Quando o tempo está bom, saímos para fazer caminhadas em volta do Lago Michigan, e gostamos de passar alguns fins de semana em Chicago com amigos brasileiros que moram lá. Tamém participo de um book club com amigas americanas, nos reunimos uma vez por mês.

– Você tem planos para o futuro? Pretende viver nesse país para sempre?

No momento, pretendemos ficar nos EUA, já que temos oportunidades excelentes de trabalho. Talvez ficaremos mais uns 10 a 15 anos. Também depende do visto, teríamos que conseguir o greencard. Mas não queremos ficar aqui para sempre. Nosso plano é voltar para o Brasil, nem que seja para se aposentar.

– Você comprou ou alugou o local que reside? Quanto pagou ou paga por isso? Comprar imóveis é algo comum nesse país?
Nós alugamos, pois chegamos aqui como estudantes. Considero nosso apartamento um ótimo negócio. É um duplex (moramos no andar de cima e a dona da casa mora no térreo) com dois quartos, bastante espaçoso por $625.00. Por esse preço não se aluga nem um studio na Califórnia ou em NY. Essa é uma vantagem de viver no Midwest, o custo de vida é bem em conta. No entanto, comprar imóveis é muito comum aqui.

– Qual o custo de vida?
Depende muito da cidade em que você está. Aqui no Midwest, eu diria que dá para viver muito bem com US$80,000 a 90,000 por ano, talvez com menos.

– Quais os pontos positivos e negativos de morar nesse país?
Positivos – segurança, estabilidade, muita oferta de produtos, facilidade para retornar mercadorias se você muda de idéia, possibilidade de experimentar culinária do mundo todo (oferta imensa de restaurantes), facilidade de ganhar bem.
Negativos – falta do calor humano brasileiro, falta de feriados, poucas férias, pouca licença-maternidade.

– Você tem sugestões ou dicas para pessoas que pretendem viver nesse país?
Para viver neste país acho que a pessoa precisa ser muito independente e tem que saber se virar sozinha.

– Você gostaria de recomendar algum web site ou blog relacionado à esse país?
Não sei de nenhum site em específico. Dependendo de onde você vá morar, deve pesquisar informações relativas a sua cidade. Recomendo MUITO morar nos EUA para pessoas que queiram fazer pós-graduação, principalmente na área biológica. Os recursos são fantásticos e as oportunidades abundantes.
Boa sorte!

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