Ele era um amigo assim como todos os outros… o via nos finais de semana quando minha familia se juntava com tantas outras familias para fazer churrasco na Liquigas (nossa, isso foi ha tanto tempo…).

Nem eramos da mesma idade, na verdade, eu brincava com as meninas e a irma dele era uma delas… meninos e meninas soh misturavam quando chegava a noite e toda a criancada brincava de esconde-esconde!!! Faziamos uma farra enorme e nem pensavamos em nada…

Ele era uma pessoa diferente… sempre foi o melhor aluno da classe, tocava piano divinamente, nao era de jogar futebol na rua, resolveu que deveria ser inteligente e leu todas as enciclopedias barsa, uma epoca ele cismou que nao existia criminalidade e deixou todas as portas da casa aberta, no terceiro colegial resolveu nao fazer trabalhos da escola e reprovou, porem passou no vestibular da USP, os professores disseram que ele poderia ir para a Universidade, mas ele decidiu nao ir e fazer o terceirao novamente … era sempre assim…. nunca ninguem entendia suas atitudes…

Quando eu tinha entre 11 e 13 anos, costumava ir para a o Guaruja com a familia dele, pois eu e sua irma nos divertiamos muito juntas… as vezes era estranho, pois ele ficava me olhando durante 30 minutos sem parar, nem sabia o que fazer, ficava tao sem jeito… mas nao era soh pra mim que ele olhava fixamente, ele olhava para o abridor de lata, para o prendedor de roupas, para parede etc… era uma olhar fixo… sem limites… eu achava aquilo estranho, nem entendia direito… na verdade nunca me preocupei…

Depois dele ter feito o terceiro colegial novamente, ele passou na UNESP -Bauru… a mesma que meu irmao tinha passado… o apelido que deram para ele foi “moita”… fazia sentido, neh?! Ele era tao na dele… e minha mae tinha me dito que ele estava indo ha um psicologo, pois alguma coisa estava errada, mas ninguem comentava, pois sei lah, psicologo era coisa de louco ou de casal em brigas… nem sei… ninguem falava, eu tambem ficava quieta….

No final daquele ano, fomos para a praia, como acontecia todo verao… mas dessa vez fomos em varias familias… mas ele e o irmao nao foram, preferiram ficar em Sao Carlos… nas verdade isso jah vinha acontecendo ha uns 2 ou 3 anos, pois nessa epoca eu tinha uns 14 ou 15 anos e ele uns 19…

E naquele ano… naquele horrivel domingo de verao.. eu estava passeando com a irma dele no calcadao da praia e meus pais jogando baralho com a mae dele… toca o telefone e minha m㥠atende… era o Tio Giovani de Santos, dizendo para minha mae ficar calma que tinha uma noticia ruim para passar… mas que ela tinha que ficar muito calma e reagir como se nada tivesse acontecido por 30 minutos ateh ele chegar no Guaruja… e juntos eles contariam para a mae desse meu amigo que o filho dela havia falecido…

E foi assim… ele cansou de viver nesse mundo tao diferente do dele… ele sofria de esquizofrenia… preparou tudo com calma e detalhadamente… meus pais voltaram para Sao Carlos levando a mae e a irma, o pai havia ido mais cedo, pois ia trabalhar naquela semana … eu tive que contar para a irma dele o que tinha acontecido… todos estavam sem chao.. hoje soh nos resta saudades… isso foi ha tanto tempo, porem, esse episodio vai e volta na minha mente, nunca consegui superar… Quando assisto o filme “Mentes Brilhantes” me lembro dele…

Porque contei isso?… nao sei… jah fazia tanto tempo que nao lembrava desse episodio… mas hoje aconteceu dele vir a minha mente…