Estou começando mais uma categoria no blog chamada “Contos de Imigrante“, aqui vou relatar um pouquinho das palhaçadas e micos que eu passei (e continuo passando nessa minha vida de “cidadã do mundo” 😉 )!

Dessa vez, vai ser os micos de aprender inglês … Vêm comigo…

Quando “yes or no” não é o suficiente, usa-se “That’s ok!” (#not)

Quando cheguei no Canadá como imigrante, isso em Agosto de 2000, estava toda alegre e feliz imaginando que meus 6 meses de aulinhas de inglês no Yagizi, me dariam certa tranquilidade de comunicação na minha nova vida em Toronto.

Sabe aquela esperança “I speak english – intermediate level“!  Juro, tinha certeza que conseguiria encarar uma conversinha básica com o motorista de taxi ou a mocinha da biblioteca… mas… quanto maior esperança, maior o tombo (risos)…

Foi então que percebi, que meu inglês era muito ruim messssmo, não conseguia nem entender o que a caixa do McDonalds me perguntava sem pedir; “Could you repeat very slowly, pleeeeease!“!

Pois é, a situação estava feia pro meu lado 😉

Aí, em situações que não tem como você ficar pedindo para a pessoa repetir ou sei lá o que, o jeito foi descobrir maneiras alternativas de sobreviver ao “What the hell are you talking about?” sem dar muito na cara que você está completamente perdida na conversa, e então descobri que responder “That’s ok!” seria a frase da vez.

Imagina, yes ou no, são palavras muito diretas, vai que é que pra dizer não e eu digo sim, né? Ficaria muito estranho, mas “that’s ok” era perfeito, mais ou menos como dizer “Isso mesmo!”, eu sempre concordaria com a pessoa e a gente viveria felizes para sempre, pelo menos até que meu inglês ganhasse mais vocabulário 😉

Mas aí que me enrolei inteira!

Minha estratégia estava indo muito bem para coisinhas do dia a dia, mas logo depois do primeiro mês de Canada e depois do Kiko já ter conseguido seu primeiro emprego em terras congelantes, decidimos que estava na hora de alugarmos algo mais definitivo e sair do muquifinho que estávamos morando.

Escolhemos alguns lugares para visitar e lá fomos nós ver uma townhome em Oakville. A dona da casa nos recebeu super bem e nos mostrou duas casas que ela tinha disponível. Na primeira deu tudo certo, até para entendi o que ela estava falando e eu ali na boa, usando meu “that’s ok” quando precisava… mas durante a visita da segunda casa, a coisa complicou…

Vai imaginando a cena; uma casa toda bagunçada, já que o atual inquilino ainda não tinha saído do imóvel, e ela tentando me explicar o motivo daquela bagunça.

E foi assim a conversa, que diga-se de passagem, eu não estava entendendo nada. (Claro que tudo em inglês, mas aqui vou escrever em português):

Carol: – EntNao Mirella, desculpa a bagunça, mas a familia que mora nessa casa é composta pelo pai e duas crianças!
Mirella – Ah… that’s ok! (PS: eu entendi que a conversa era sobre a bagunça, mas tudo bem… afinal de contas, tudo aquilo seria limpo antes da gente entrar)
Carol: – Então Mirella, a historia é muito triste, sabe…
Mirella: – That’s ok!
Carol: – A mãe saiu de casa e deixou o marido com as duas crianças, ninguém sabe onde ela está e isso já têm um mês! E agora, ele esta se mudando para a casa dos pais, para ter o apoio da avó para cuidar das criançaas…
Mirella: – That’s Ok! (com aquela cara de alegre)

Eu só sei que eu viro para o Kiko e a Carol (dona da casa) e os dois me olhando com os olhos arregalados com a minha tranquilidade diante da historia! E eu logo vi que tinha falado meleca!

Vira o Kiko e diz;

Kiko: – Mi, that is not ok! (E me explicou o caso! Eu faço aquela outra cara de desespero e repito pra Carol umas três vezes:

Mirella: – That is not ok! That is not ok! That is not ok!

E nos três caimos na gargalhada ehehehe….

No final, alugamos a primeira casa e a Carol foi sempre um amor comigo! Mais um daqueles anjinhos que aparecem em nossa vida, sabe? (Pena que não falava muito bem inglês na época para conseguir fortalecer a amizade… )

Moral da história: esse texto parece desanimador para quem está aprendendo inglês e pretende estudar ou imigrar para outro país, mas não é não! É só para dizer que criar estratégias faz parte do negócio e dar tempo ao tempo também…

No final tudo se encaixa e a experiência é tão positiva, que esses deslizes, ficam só na memória pra gente rir 🙂

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